quinta-feira, 29 de abril de 2010

Encarando o temido FIM

Busquem sua panela de brigadeiro, carreguem na dose do whisky mais ordinário que vocês conhecem, e selecionem aquela música mais melancolicamente cretina que vocês tem nos seus MP3 (vale tudo desde o "pagodão dor de corno" até o "emocore corta pulso"...). O importante é que vocês estejam psicologicamente preparados para nosso incômodo assunto de hoje, que por mais complexo que seja, ainda pode ser resumido em 3 letras: FIM.

Normalmente, quando ele vem a acontecer, nunca estamos prontos o suficiente. Particularmente, acho que essa é a razão pela qual o superestimamos tanto. Afinal, não tem jeito: quando a hora do temido FIM chega, por mais precavidos e prevenidos que estejamos, a coisa sempre aperta. Bah, até parece que estamos falando de morte! Mas é assim que muitos agem quando aquele namoro de anos ou até mesmo o rolo do fim de semana chega no momento do "não quero mais". Viver pode se tornar uma via sacra de lágrimas, desesperos e porquês nunca entendidos ou respondidos. E tudo isso por causa da nossa condição humana de depender de outro ser humano...

Quando chegamos ao fundo do poço de nossa desgraça emocional, o bom senso, a racionalidade e a noção do ridículo combinam um motim e fogem de nossos corpos. Como ratos farreando na ausência do gato, entram em cena então a ralé do nosso recalque, ou seja, a autopiedade, a mágoa, o desespero e a frustração. Diante dessa orgia de sentimentos destrutivos, a dignidade se atira pela janela. E aí, quando ela vai, ficamos a mercê de nos tornarmos zumbis de pijamas amarrotados que se entopem de qualquer coisa à base de chocolate e açúcar. Nesse estado catatônico também estamos na faixa de risco de chorarmos até secarmos. E não é um simples choro. Trata-se de um dilúvio lacrimal, provocado pelas coisas mais absurdas que existem. (Eu conheci uma pessoa que berrava sempre que via uma propaganda do Banco Real, e não era por causa da crise nem de seu saldo negativo...)

Por um lado, isso até é compreensível. Elaborar um FIM não é uma coisa muito fácil mesmo. Ainda mais porque cremos que a suposta resposta para nossa catástrofe sentimental não está em nós mesmo, e sim na criatura que nos deu um fora ou pontuou o fim da relação. E apesar de não ser muito prático, sou cara de pau o suficiente para reconhecer que em certos casos, é deplorável ver as pessoas fazendo tempestades em copos de lágrimas por causa de uma OUTRA pessoa, que certamente está bem melhor do que elas. Aliás, quem normalmente termina a relação sempre fica numa situação mais cômoda e confortável. Fato. (Mas isso por enquanto é assunto para outra hora...)

Tudo bem, eu sei que por várias vezes a fossa é inevitável e corações quebrados nem Super Bonder cola, mas tudo tem um limite. Até a depressão pós-FIM tem que ter um FIM! Ainda mais quando se está vivo o suficiente para termos a bendita honra de arriscar nossos surrados sentimentos em uma nova relação, e acreditarmos que "dessa vez" tudo poderá ser diferente. Eu sempre acredito nisso, mas também creio que o Brasil é o país do futuro e que os sacos de Ruffles tem mais batatinhas do que ar dentro deles.

E por mais que a desilusão típica do FIM seja uma das piores coisas a se encarar, não adianta fazer manha: o FIM é o destino de todas às coisas na vida mesmo. Então porque seria diferente com relacionamentos amorosos? O que nos resta é enfrentar, aceitar, e principalmente suportar o FIM com todas nossas forças possíveis (mas com todas mesmo, a ponto de vocês as retirarem do fundo de seus orifícios retais com um pauzinho de picolé se possível!).

Acreditem, esse caminho ainda é mais decente e resoluto do que se tornar um zumbi de camiseta velha, comendo brigadeiro de panela e assistindo Sessão da Tarde. E não tem outro jeito: o sofrimento não é opcional quando se trata de relacionamentos. Por isso levantem suas cabeças (se for o caso as cubram com um saco de papel igual ao meu) e aprendam pelo cúmulo das auto ajudas: "o fim do mundo não é o fim do mundo"!

Então, quando o FIM chegar sejam corajosos. Ele é inevitável, mas pode ser contornado e abrandado com o tempo, experiência e força de vontade (muita por sinal). Sejam otimistas. Lembrem-se que o FIM pressupõe o começo de algo novo, por isso tenham sempre esperanças nas coisas vindouras! Enfim, após esse blá-blá-blá típico de livro auto motivacional do Dr. Lair Ribeiro, façam um favor a si mesmos e parem de ser as coisas mais deprimentes a se deitarem em seus sofás numa tarde cinzenta de sábado. Ah, e também evitem a tentação de encher o saco dos outros (isso também é assunto para outra conversa) e de ouvir Fresno e Exaltasamba até enjoar.

Agora, como ninguém é de ferro, se quiserem sair para beber e afogar às mágoas, não se esqueçam de me convidar! Até mesmo porque quando se vive épocas de decadência sentimental e autopiedade, nada melhor do que ver o FIM das garrafas de vodka barata que a vida tem a nos oferecer...


segunda-feira, 26 de abril de 2010

Para início de conversa: "por que me chamo Sr. Apêndice?"

Para os possíveis interessados, curiosos ou seres que pensam "putz, o que estou fazendo aqui?", acho melhor explicar de uma vez o porquê do meu peculiar nome. Ou melhor, do meu fardo. Como imaginam, minha sina tem a ver com aquela coisa tubular, similar a uma minhoca e que supostamente não serve para nada. Não, não pensem que estou falando de outra parte do corpo! Me refiro mesmo ao famigerado e desdenhado apêndice. (Se bem que a outra parte... não, não, melhor não comentar!)

Sem rodeios ou lições de anatomia, convém dizer que o apêndice não serve para nada mesmo, a não ser ficar fazendo figuração no sistema digestivo nos livros de biologia. Claro, alguns médicos CDFs poderão te dizer que esse orgão mixuruca até dá uma maõzinha em nosso sistema imunológico, e te enrolar com outras de suas ultilidades tão expressivas quanto uma aspirina. No entanto, esses mesmos médicos não pensarão duas vezes em arrancá-lo na hora em que ele der problemas e virar uma apendicite. Depois de uma cirurgia, cada vez mais simples e insignificante, eles te mandam para casa e dizem que sua vida seguirá normalmente sem o bendito apêndice. Talvez a única ressalva é que você fique 10 dias no máximo sem fazer sexo. E só. No mais é assim mesmo: "tchau apêndice, não precisamos mais de você!"

Pensando no meu azar com relacionamentos amorosos, vi que eu e o apêndice somos parecidos. Ambos dispensáveis, teoricamente sem grandes importâncias para a vida das pessoas, e cirurgicamente simples de sermos removidos. Assim como um apêndice, várias vezes meus relacionamentos viraram apendicite, ou seja, aquele estado em que o amor é mais dor e incomodo do que propriamente um sentimento de completude e paz de espírito. Nessa hora, tão temida quanto uma intervenção cirúrgica, o relacionamento chega naquele impasse que se resume em uma interjeição: "ai!" É... esse é o preço que se paga, cedo ou tarde, por se dizer "eu te amo" e dedicar dias de sua vida às incertezas dos relacionamentos amorosos.

Há aqueles que ainda resolvem dar mais uma chance ao negócio, até para não dizerem que não tentaram. Matam a questão no peito, engolem aquela coisa rançosa que é o amor sofrido à seco, e sentam esperando um milagre que salve aquela relação. Porém, na maioria dos casos, tudo é resolvido com o bom e velho "não dá mais, acabou, fim". (Tem também aqueles que acabam mandando às pessoas tomarem em seu orifício retal favorito, mas isso não vem ao caso agora...)

De qualquer jeito, eu nunca sou aquele que resolve às coisas de um jeito tão prático. Sempre acredito na salvação dos relacionamentos falidos, assim como acredito na paz mundial e que os Reality Shows não são combinados. Em resposta às minhas nobres crenças, acabo sempre tomando em meu orifício retal favorito e sofro com a dor da rejeição e desilusão amorosa, para qual ainda não se descobriu remédio, cirurgia ou tratamento. Daí, só me resta enfiar um saco de papel na cara e me acostumar com essa tal dor (que nunca vai embora, apenas adormece). Quando já convivo bem com a bandida, volto mais uma vez ao jogo e continuo apostando nessa história de relacionamentos amorosos. Fazer o quê? Se amar é sofrer, eu só posso ser masoquista...

Porém, essa história de apêndice até tem um fundamento interessante: mesmo que ele seja removido, e até mesmo esquecido por quem a perdeu, uma cicatriz e um espaço vazio marcarão para sempre essa pessoa, justamente como um amor que se acabou. Nada nessa vida é de graça, nem mesmo colocar um fim em algo. E assim como um apêndice, o coração pode inflamar e doer tanto quanto a pior das apendicites. Pelo menos função punitiva o apêndice tem. Isso até serve como consolo. Afinal, sou o Sr. Apêndice e não o Sr. "outra parte do corpo que não convém mencionar"...