segunda-feira, 26 de abril de 2010

Para início de conversa: "por que me chamo Sr. Apêndice?"

Para os possíveis interessados, curiosos ou seres que pensam "putz, o que estou fazendo aqui?", acho melhor explicar de uma vez o porquê do meu peculiar nome. Ou melhor, do meu fardo. Como imaginam, minha sina tem a ver com aquela coisa tubular, similar a uma minhoca e que supostamente não serve para nada. Não, não pensem que estou falando de outra parte do corpo! Me refiro mesmo ao famigerado e desdenhado apêndice. (Se bem que a outra parte... não, não, melhor não comentar!)

Sem rodeios ou lições de anatomia, convém dizer que o apêndice não serve para nada mesmo, a não ser ficar fazendo figuração no sistema digestivo nos livros de biologia. Claro, alguns médicos CDFs poderão te dizer que esse orgão mixuruca até dá uma maõzinha em nosso sistema imunológico, e te enrolar com outras de suas ultilidades tão expressivas quanto uma aspirina. No entanto, esses mesmos médicos não pensarão duas vezes em arrancá-lo na hora em que ele der problemas e virar uma apendicite. Depois de uma cirurgia, cada vez mais simples e insignificante, eles te mandam para casa e dizem que sua vida seguirá normalmente sem o bendito apêndice. Talvez a única ressalva é que você fique 10 dias no máximo sem fazer sexo. E só. No mais é assim mesmo: "tchau apêndice, não precisamos mais de você!"

Pensando no meu azar com relacionamentos amorosos, vi que eu e o apêndice somos parecidos. Ambos dispensáveis, teoricamente sem grandes importâncias para a vida das pessoas, e cirurgicamente simples de sermos removidos. Assim como um apêndice, várias vezes meus relacionamentos viraram apendicite, ou seja, aquele estado em que o amor é mais dor e incomodo do que propriamente um sentimento de completude e paz de espírito. Nessa hora, tão temida quanto uma intervenção cirúrgica, o relacionamento chega naquele impasse que se resume em uma interjeição: "ai!" É... esse é o preço que se paga, cedo ou tarde, por se dizer "eu te amo" e dedicar dias de sua vida às incertezas dos relacionamentos amorosos.

Há aqueles que ainda resolvem dar mais uma chance ao negócio, até para não dizerem que não tentaram. Matam a questão no peito, engolem aquela coisa rançosa que é o amor sofrido à seco, e sentam esperando um milagre que salve aquela relação. Porém, na maioria dos casos, tudo é resolvido com o bom e velho "não dá mais, acabou, fim". (Tem também aqueles que acabam mandando às pessoas tomarem em seu orifício retal favorito, mas isso não vem ao caso agora...)

De qualquer jeito, eu nunca sou aquele que resolve às coisas de um jeito tão prático. Sempre acredito na salvação dos relacionamentos falidos, assim como acredito na paz mundial e que os Reality Shows não são combinados. Em resposta às minhas nobres crenças, acabo sempre tomando em meu orifício retal favorito e sofro com a dor da rejeição e desilusão amorosa, para qual ainda não se descobriu remédio, cirurgia ou tratamento. Daí, só me resta enfiar um saco de papel na cara e me acostumar com essa tal dor (que nunca vai embora, apenas adormece). Quando já convivo bem com a bandida, volto mais uma vez ao jogo e continuo apostando nessa história de relacionamentos amorosos. Fazer o quê? Se amar é sofrer, eu só posso ser masoquista...

Porém, essa história de apêndice até tem um fundamento interessante: mesmo que ele seja removido, e até mesmo esquecido por quem a perdeu, uma cicatriz e um espaço vazio marcarão para sempre essa pessoa, justamente como um amor que se acabou. Nada nessa vida é de graça, nem mesmo colocar um fim em algo. E assim como um apêndice, o coração pode inflamar e doer tanto quanto a pior das apendicites. Pelo menos função punitiva o apêndice tem. Isso até serve como consolo. Afinal, sou o Sr. Apêndice e não o Sr. "outra parte do corpo que não convém mencionar"...

6 comentários:

  1. Hehehehe... finalmente estreiou o blog! Ótimo texto! Parabéns!

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  2. iuehauihe, adorei! me encontrei aí entre as frases, hahaha ficou muito bom :)

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  3. Pô cara! Assim fica desleal pra nos teus colegas no Jornalismo! Tu escreve pracaralhu!!!! Parabéns veio! Abrç

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  4. Greg! Amei o teu blog Tu é muito talentoso querido! Só que não precisa esconder essa carinha nesse saco de papel! Beijinhos ;)

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  5. Você conseguiu me convencer rsrsrs Acho que acabei de saber que sou a Senhorita Apêndice pois me sinto exatamente assim como você descreveu rsrs. Ah!! Adorei teus textos. Muito legal a forma como você trata desse assunto tão sofrido rsrsrs Dá até pra esquecer um pouco a dor do fim e sorrir.

    Um abraço e muito sucesso!

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  6. Muito obrigado Eliz pelo comentário! Acho que já está se tornando um fato que todo mundo é pouco Sr./Sra./Srta. Apêndice, hehehehe... Abraço e muito obrigado pela leitura! :D

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Fala que o Sr. Apêndice te escuta...