quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

"Sai daqui!"



Por que afastamos as pessoas de nossos relacionamentos, por sermos apenas nós mesmos?


Não sei o que veio primeiro: se foi a tampa da privada que ficou levantada ou a b
riga pelas gotas de urina que caíram milimetricamente fora do seu destino. Também é difícil explicar quantas guerras mundiais começaram por calcinhas penduradas nos registros do chuveiro, e como toalhas molhadas em cima da cama fazem a alegria financeira das funerárias. Tudo o que sei é que quando um relacionamento começa a ficar mais podre do que peixe fora da geladeira, somente as pessoas envolvidas nele são as verdadeiras culpadas. E essas, normalmente, ao sentirem a coisa feder, tratam logo de se escapulirem.
Fiquem certos de uma coisa, estimados leitores: um relacionamento insustentável é pior do que uma viagem até o Canfundó do Judas, num calor escaldante de 40º, em um ônibus velho e sem ar-condicionado, fedendo a vômito de criança e sovaco de pedreiro. Mesmo que eu tenha arranjado briga com toda uma classe de operários de construção cívil que não usa desodorante, vale a ilustração: na vida sentimental, é mais fácil correr do que ficar e encarar as consequências por nossas falhas. Afinal, crueldade ou não, as pessoas são as principais responsáveis pela maioria das coisas que não dão certo em suas vidas.

Claro, isso nem sempre se constitui em uma regra. A vida é sacana mesmo, e às vezes as pessoas estão isentas das merdas que lhes acontece. Que digam as criancinhas que nasceram sem braço e que batem palmas nos programas do Teleton. Mas na maioria dos casos, a fatalidade acontece quando uma criatura coloca o braço pra fora para mandar o motoboy se fuder, e não vê o ônibus que vem na mesma direção. Nos relacionamentos amorosos a dinâmica é quase a mesma. Tudo pode estar indo muito bem, mas lá nas tantas, alguém inventa de ensinar para o outro a metodologia científica de como se apertar uma pasta de dentes de acordo com as normas técnicas da ABNT e o relacionamento começa a entrar em maus lençóis.


Aí neste ponto você me pergunta: "ok, seu retardado de saco de papel na cabeça, como uma coisa tão ridícula pode fazer com que um relacionamento
comece a dar errado?" E o titio Apêndice aqui te responde: ora, são nas pequenas coisas que as grandes nos são reveladas. Pensem no DNA. Ele é microscopicamente impossível de ser visto, mas de acordo com os geneticistas, ele possui todas as informações possíveis sobre alguém, desde a cor do seu cabelo, até seu peculiar gosto por sorvete de pistache com cobertura de aspargo. E nem é preciso ir ao fundo de suas células para se saber da coisa mais óbvia sobre os humanos: eles são chatos, cheios de manias e nunca estão satisfeitos com nada.

Lembro que disse uma vez nesse blog que conforme as pessoas fossem complicadas seus relacionamentos seguiriam a mesma tendência. E como todos estamos cansados de saber, o amor é uma coisa complexa demais. Vão a PQP aqueles que dizem que o amor é simples e natural que "desabrocha" na vida de todos. Não. Coisa simples e natural na vida de todos é fazer cocô. No amor é assim: a partir do momento que você junta dois seres diferentes dispostos a dividirem um sentimento, a encrenca está armada. Dois corpos acoplados, dividindo a mesma cama na hora de descarregar suas tensões e necessidades sexuais é algo belo, poetizado por séculos e comercializado há anos pela indústria pornográfica. Porém, quando o assunto é "vira para o lado que eu quero dormir" a história muda de figura. Haja sentimento e paciência para dividir o ar e os gases com alguém que ronca ao seu lado. É como um amigo costuma dizer: "a transa perfeita é aquela que vira pizza e cerveja depois que você goza."

Mas voltando a realidade, muitos parecem se esquecer que um relacionamento não se sustenta em apenas um lado. A maioria continua colocando suas necessidades e individualidades acima do bem comum e dos próprios sentimentos compartilhados. A ironia nisso tudo fica em nossa incapacidade de lidarmos com nós mesmos, pois procuramos desculpas e saídas em tudo, menos onde mais importa. Ouvimos explicações do tipo "minha astróloga disse que meu namoro não deu certo porque Áries entrou em conjunção com Saturno e que as chuvas no interior de Pindamonhangaba foram decisivas para o nosso fim." Ah, por favor... Por que simplesmente não encontramos as falhas em nós mesmos antes de inventarmos de nos relacionar com uma outra pessoa? Já diz o sábio ditado: "arruma tua casa antes de receber visitas". Pois é...

Mesmo assim, continuamos a deixar que nosso egoísmo, egocentrismo, egotismo e sei lá mais quantas coisas que começam com "ego" sigam a manchar nossos relacionamentos, pois não sabemos como os conter. Dessa maneira, sempre que entramos numa relação, parecemos infantis e mesquinhos o suficientes para compartilharmos algo de bom com alguém (ou pensam que eu não sei que ninguém é 100% verdadeiro oferecendo bolachinhas recheadas para os outros e que só fazemos essa balela por educação?). Não saber como dividir algo com alguém, é um índice da falta de aptidão dos seres em lidar com os outros. Logo, quando formos atingidos por aquelas coisas chatas que seguidamente nos assolam, como as tristezas e as birras com o mundo, não vamos saber como maneja-las direito, principalmente se tivermos uma pessoa ao nosso lado. Aí vamos recair em cometer uma das maiores burradas que os seres humanos vivem a fazer desde os primórdios, que é brigar e descontar nossas insatisafações em quem a gente mais gosta. Um outro amigo e leitor de minhas crônicas, disse em seu blog, o Grau Zero, uma coisa genial: "tem mais de 6 bilhões de pessoas no mundo, mas é apenas com aquelas 3 mais próximas e que se importam conosco que a gente briga".


E não é verdade? Triste, mas em vários relacionamentos, muitos ficam tão centrados em suas manias, que acabam valorizando mais seus umbigos do que seus corações. Além disso, esses infelizes acabam se tornando verdadeiros especialistas em manter as pessoas afastadas. Não é de se suspeitar, que são justamente essas pessoas que mais se queixam de como são infelizes no amor. Porém, quando se aproximam de alguém, partem para cima do outro como se fosse uma luta de boxe. Para essas pessoas, uma placa de "sai daqui!" lhes pouparia litros de saliva e lágrimas. O mais espantoso é que essas criaturas vivem a afastar seus relacionamentos, e ao invés de fazerem um auto-exame de consciência decente, se tornam ainda mais toscas e exigentes, aumentando suas dificuldades em lidarem com novas oportunidades e pessoas.


Querem carinho e atenção, mas não sabem nem ao menos cuidar de uma planta. Reclamam que ninguém escuta seus sentimentos, mas não aguentam 5 segundos de papo de um serviço de Telemarketing (ãhn... ok, isso é compreensível...). Enfim, exigir dos outros é sempre mais fácil e barato, mas seria muito mais simples para o mundo dos relacionamentos se todas pessoas soubessem dar o que elas tanto requisitam. Porém, é mais fácil ganhar na Mega Sena acumulada do que corrigir essa falha condição humana.
 

O mundo é tão bizarro que há aqueles que não se aturam sozinhos, e por isso inventam de se juntarem a outros seres humanos tão maníacos quanto eles. Da mesma maneira, há também aqueles que só conseguem viver em pleno isolamento, dedicados apenas a suas refeições congeladas e seu controle remoto, intocável por qualquer outro ser humano na face da Terra. No final, fica cada um por sua conta e risco. Relacionamentos podem ser bons indicativos para aprendermos a lidar com nossas próprias manias antes mesmo de entendermos qual é o esquema da tal outra pessoa. No entanto, ser aprovado nesse teste não é nem um pouco fácil. O vestibular de Medicina da USP é mais barbada. Até mesmo porque, o difícil nessa história de relacionamentos, é saber como lidamos com a complexidade da vida. Além, claro, de dominarmos a tal técnica de se mijar com a tampa do vaso levantado.

18 comentários:

  1. e mesmo assim, sempre acreditamos no verdadeiro amor! amei amei, parabéns! beijão

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  2. "Por que afastamos as pessoas de nossos relacionamentos, por sermos apenas nós mesmos?"
    Porque achamos que abrir mão de algumas preferências em prol do outro seria deixar de sermos nós mesmos.
    Não é bem assim, se quisermos manter um relacionamento não se pode querer que o outro admire nossas atitudes e concorde com nossos pensamentos o tempo inteiro.
    Afastamos as pessoas quando exigimos que ela seja quem não é. Ao chegar nesse ponto, realmente o Sr. apêndice tem razão, é hora de revermos nossos conceitos e passar a reconhecer e respeitar as diferenças.
    A razoabilidade é fundamental, se eu sei que a outra pessoa não gosta de comida japonesa vou evitar de convida-la para ir num restaurante japonês, posso comer em outro momento; no entanto, se a outra pessoa sabe que eu gosto de comida japonesa, ela pode decidir ir comigo ao restaurante japonês para me agradar com a companhia.
    É aquela velha história: para um relacionamento durar, os dois tem que saber ceder um pouquinho.

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  3. Um dos melhores textos, juro. És demais.
    Só tem um problema: o sétimo parágrafo me entristece...

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  4. Gosto da tua racionalidade Sr. Apêndice, ao ser sincero e objetivo ao apontar que todas as falhas e desilusões de relacionamentos que acontecem na vida são por nossa culpa. Realmente se todos pensassem sempre em suas falhas e manias, as coisas poderiam andar bem, mas infelizmente somos todos aqueles "egos" o suficiente para afastar as coisas boas de nós. O que poderia ser apenas um problema "por que afastamos os relacionamentos" é na realidade um dedo na ferida de todos nós. E como eu sempre digo, que em um relacionamento você tem que sempre se colocar no lugar do outro.

    Mais um texto maravilhoso. Parabéns!

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  5. SAI DAQUI! o TÃO esperado post hein?
    Fiquei muito feliz por ler duas palavras mais usadas por mim logo que nos conhecemos. (E, sim, isto é sério)
    Mas, enfim, vim te dar os parabéns, post como todos os outros maravilhosos, porém, esse com um olhar mais especial vindo de mim.
    Parabéns, de verdade!

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  6. muito certo tudo isso! as pessoas são muito sem noçao e fazem tudo para afastar os outros! eu mesmo já disse muito sai daqui! XP
    sr. apêndice sabe tudo de tudo do amor!!!!! medo! Oo kkkkkkkk
    bjs ^^

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  7. "Enfim, exigir dos outros é sempre mais fácil e barato, mas seria muito mais simples para o mundo dos relacionamentos se todas pessoas soubessem dar o que elas tanto requisitam."

    Fato! É simples, mas não é fácil. :)
    Ótimo texto, Sr. Apêndice!

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  8. Amigo Sr. Apendice:

    Sobre a questão levantada aqui, o que me impressiona é que tem gente que responde! De qualquer forma, sensacionais suas tiradas no decorrer da crônica

    Sobre as questões levantadas lá no MCP:

    1) Para participar da VI Semana da COntribuição MCP (esta edição já está lotada) basta enviar um MINIconto inédito para mcp.olivro@gmail.com

    2) Para comprar seu exemplar do livro, são duas opções:

    Versão pocket

    Versão arregadaluxo

    Mas os dois estão em destaque lá no blog, na barra direita.

    Abraço!

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  9. "minha astróloga disse que meu namoro não deu certo porque Áries entrou em conjunção com Saturno e que as chuvas no interior de Pindamonhangaba foram decisivas para o nosso fim."

    E não por isso que os relacionamentos não dão certo? rsrsrsrsrsrsrs
    Adorei o texto

    Vanessa

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  10. Olha eu aqui de novo!

    É muito vício de minha parte acordar às 6h da manhã para ler um blog. Tá, confesso, minha vida de acadêmica em época de estágio não me dá mais tempo nem para ser rainha uma vez ao dia e me aconchegar no trono, mas preciso ser uma pessoa sociável, nem que para isso eu use apenas as redes sociais.
    Mais uma vez dei muita risada com o texto, porém refleti e concordo com o o dito popular "Limpa sua casa antes de receber visitas". Seu texto é show!

    Beijocas para vc e OBRIGADA POR SUA VISITA EM MEU BLOG.

    Beijocas!!!!

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  11. Eu nem lí o texto, tou aqui só pra aparecer!
    :D

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  12. O relacionamento humano é algo complicado mesmo...estamos lidando com personalidades.....com desejos...com expectativas...e sempre defendi a tese que um relacionamento entre casais duradouro só seria possível cada um seu apartamento ou casa....bah...não deu...tá bem...cada um em seu quarto...putz...que coisa fria.....ok....cada um no mesmo quarto mas em camas separadas....,ai., que sem graça...a última,, na mesma cama mas com lençóis separados.......fudeu...to solteiro até hoje

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  13. Como sempre, adorei a crônica! XD
    Você sempre dando o tiro certo.
    É isso aí. Concordo contigo viu, quando indica que as pessoas deveriam se conhecer a si primeiro antes de encarar um relacionamento e cobrar do outro coisas que você não seria capaz sequer de fazer.

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  14. Esse texto aí foi "gol"! (é como digo que alguém mandou bem)
    :)
    Abraço

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  15. Muito boa as cronicas.. li também a dos tipos de casais..genial! hehehe [as vezes triste]

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  16. Mesmo que errando, mesmo que me machucando, acabo emendando um relacionamento a outro.

    Dói, sim, ver que eles acabam.E às vezes dói logo no início, porque você sabe que certos detalhes vão levar ao fim daquela união.

    Mas, prefiro ficar junto de alguém. A solidão me machuca bem mais.

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  17. - Emanuelle Freitas: E tem como ser diferente? Hehehe... Muito obrigado pelos elogios, Manu!

    - greicy.ps: "Razoabilidade" - que palavra-chave para a reflexão. Realmente, ao cedermos um pouco e moderarmos nossas manias, um relacionamento pode vingar. Mas como coloquei, tudo sempre parte de nós, e tudo que vem a acontecer em um relacionamento diz unicamente a respeito de nossas próprias atitudes. Muito bem pensado libriana, hehehe... Beijos e mais uma vez muito obrigado

    - Gabriela Lamas: Muito obrigado mesmo, Gabi! E sim, o sétimo parágrafo traz uma triste verdade universal: "só brigamos com aqueles que amamos...".

    - Lisa Franco: Ah, os "egos" sempre no meio de tudo. Seria ele o grande complicador de, como tu mesmo colocaste, não nos colocarmos no lugar do outro? É mesmo um dedo na ferida. Obrigado pelo comentário e pela leitura!

    - Luize Rosa: Finalmente saiu o "sai daqui!", hehehe... Evidentemente, a srta. tem sua parcela de inspiração nesse texto! Muito obrigado por isso e pelo comentário :D

    - val: Obrigado pelo comentário, mas só para frisar, eu não sei nada da metade do que eu deveria saber sobre o amor! Não precisa ficar com medo, hehehe...

    - Giovanna I.: Não sei se é tão simples e fácil assim. Até mesmo, porque se tratando de relacionamentos, gostamos mesmo é de complicar... hehehe... Muito obrigado mesmo pela leitura e pelo comentário, geminiana!

    - minicontosperversos: Para tu ver, o pessoal responde mesmo! Hehehe... E obrigado pela leitura e por considerar minhas tiradas! ;D Comprarei o livro certamente! Abraço

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  18. - Anônimo (Vanessa): Olha, fico pensando seriamente se não é por isso mesmo... hehehe... Obrigado por ler o blog! :)

    - Débora Guedes: Fico muito feliz em receber suas visitar por aqui, ainda mais sendo declaradas como um "vício a ponto de se acordar às 6", hehehe... Exageros a parte, agradeço muito pela leitura e pelo comentário. E sempre visitarei teu blog pois ele é muito bom! :D

    - Roger Medeiros: Então, muito obrigado por aparecer por aqui Roger, hehehe...

    - Otávio JC Duarte: Haja complicações para se achar o ponto ideal em um relacionamento! Assim como tu, outros milhares defendem teses similares para o negócio dar certo, mas aí, como tu mesmo tu disse: relacionamentos lidam com expectativas e desejos que na maioria das vezes são adversos a nós. Logo, ficar solteiro sempre acaba sendo um "basta" para tanta encheção de saco... huaeuihaiuehea... Muito obrigado por seu comentário!!!

    - Eliz...: E como sempre, é um prazer ter tua leitura e comentário por aqui. Sobre o que tu colocaste, andei pensando: "Será que conhecer a nós mesmos não é mais complicado do que conhecer o outro?" Deixa isso para uma próxima crônica... auheiuaheiuae... Obrigado por ler o blog e um beijo :D

    - Celma: Muito obrigado mesmo, Celma! Não sabia que havia marcado um gol, hehehhe... Abraços

    - O Matuto: Muito obrigado pela leitura! Fique a vontade para retornar ao blog quantas vezes quiseres...

    - Taffarel Brant: Profunda tua introspecção sobre encarar as falhas e até mesmo um provável fim, como uma preferência a fim de evitar a solidão. Genial. Muito obrigado pela leitura e pelo comentário

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Fala que o Sr. Apêndice te escuta...