terça-feira, 31 de maio de 2011

A Era da Inocência

Os relacionamentos costumam mudar consideravelmente nossa visão de mundo, mas só quando eles jogam com nossa inocência e ingenuidade é que realmente começamos a entendê-los.


Três coisas que eu nunca deveria saber os verdadeiros e reais funcionamentos: democracia, restaurantes chineses e relacionamentos. O mundo parecia ser mais mágico quando eu não tinha o conhecimento de certas coisas que somente a experiência e a vivência me trouxeram. Vejam minha eterna cruzada com o amor; ele costumava ser doce como uma torta de chocolate quando ficava exposto na vitrine da confeitaria da vida. Hoje ele parece mais um pão integral macrobiótico, duro e quadrado como um tijolo. Como de um minuto para o outro eu deixei de comer torta de chocolate para comer um tijolo disfarçado de pão integral? Não sei, mas talvez a vida inteira tenha sido o tal tijolo integral. Eu que acreditava que ele tinha gosto de bolo de chocolate...

Sentimentos têm mesmo sua parcela de ingenuidade, e consequentemente, de infantilidade. Ora, o que é o platônico amor eterno para nós, senão uma espécie de Papai Noel para uma criança de 5 anos? Eu, por exemplo, achava que Papai Noel realmente existia. Quando me contaram que tudo era uma farsa, admito que demorei para assimilar. E nem digo que o decepcionante foi descobrir que Papai Noel era na realidade o meu tio com um travesseiro debaixo da roupa e de barba de algodão inebriada de champagne derramada. Não. Minhas desilusões com a crença do bom velhinho vieram a partir do momento em que descobri o "faça suas compras de Natal e pague só a primeira parcela em março, tudo sem juros no cartão!". Hoje, "ho-ho-ho" eu faço quando chegam às faturas do Mastercard.

Ok, mas deixando a indignação com o espírito do capitalismo de lado, a verdade é que os tempos se tornam duros a partir do momento em que a inocência é despejada a chutes do apartamento de ilusões pela síndica da realidade. Volto a dizer que os sentimentos, ainda mais quando começamos a desbravá-los, nos remetem a uma espécie de mundo "infantilóide", típico da TV Cultura com seus programas educativos
a la Castelo Rá-Tim-Bum. Nas questões amorosas e nos relacionamentos rola mesmo uma ingenuidade forçada, assim como a interpretação escrachada dos atores desses programas (quem não sentia vergonha alheia quando via aqueles babacas vestidos de passarinhos no "Passarinho que som é esse?").

Não que isso seja tão ruim assim, afinal, dizem que existe uma criança interior em todos nós. O problema é que essa pirralha insiste em se manifestar em momentos cruciais de nossas vidas, principalmente em nossos relacionamentos e em nas nossas escolhas políticas. Não sei se as manifestações dessa criança têm a ver com marmanjos colecionando figurinhas do Campeonato Brasileiro, ou com quarentonas comprando Barbies no Mercado Livre, alegando que são raras e de coleção. No entanto, imagino que todo o ranho e cocô nas calças que essa criança interior faz se transfere para nossa área sentimental. Ora, só isso pode explicar a quantidade de sujeira que fazemos em nossa vida amorosa, especialmente quando tomamos atitudes baseadas em nossa própria inocência dos fatos. Parecemos verdadeiras crianças com diarreia e sem a mãe para ir nos limpar.

Pois, seja na vida, seja no amor, há coisas que são como são e nunca ninguém as questiona. A gente só acredita e se resume a nossa insignificância. "Verdades universais" e "regras invisíveis e intransponíveis" simplesmente nos regem e nos comandam sem que nos realmente saibamos de onde elas surgiram ou quem foi o cretino que as inventou. Engolimos tantos "porque sim!" e balançamos sempre a cabeça, como crianças assustadas com o Bicho Papão que pode nos pegar caso façamos alguma bagunça.
Ingenuidade é fogo, mas quem vive dela nunca sente as queimaduras. É como ter todos os dentes permanentes, mas guardar um que eventualmente caia debaixo do travesseiro à espera da Fada do Dente. (Que por sinal, é uma baita mão de vaca! A muquirana só me deixava umas moedinhas que mal dava para comprar bala...)

Evidentemente, há casos e casos sobre inocência e ingenuidade. Nem todo mundo cai duas vezes no mesmo truque do "estou doente em casa", enquanto na realidade a criatura está na farra. Do mesmo jeito, existem ingênuos de plantão que vivem a chafurdar no engodo do "eu te amo para sempre" ou "você é a única pessoa do mundo para mim". Mas isso fica de acordo com a espessura da garganta ou com os limites da paciência para engolir qualquer bobagem.

Porém, mesmo assim, mesmo após levarmos centenas de cacetadas na cabeça, ainda persistimos em recorrer aos mesmos erros, todos baseados numa ingenuidade mais retornável que garrafa de vidro de Coca-Cola de 1 litro. E não adianta a história de que o mundo te endureceu após você ter perdido a inocência (sem alusões a virgindade, por favor...), e nem venham com o repeteco do "não caio mais nessa". Uma hora sempre falhamos em nosso próprio discurso.

É aquela coisa de apostar sempre na loteria, mesmo sabendo que você tem 99,7% de chances de não ganhar. Mas ah, vai que um dia você acerte e ganhe toda aquela bolada acumulada sozinho? Aproveite o otimismo que a Dona Ingenuidade te proporciona, compre um bilhete na loteria, coloque os números do Lost e boa sorte! Não, sejamos pé no chão. Melhor mesmo é fazer campanha para aquele candidato a deputado federal que te prometeu uma vaga de assessor e um salário de R$5,000 caso ele fosse eleito. Se ele não prometeu o mesmo para mais uma centena de gente? Claro que não, foi só para você. Não é mesmo, Dona Ingenuidade?

Ir contra nossas crenças, especialmente contra coisas que nos fazem bem, como o amor, é algo extremamente complicado. Atingir a aceitação da realidade dos fatos é uma tarefa de elevação e transcendência tão complicada que até um monge tibetano arrega. Quando caímos nos questionamentos cíclicos e sem respostas do tipo "por que meu relacionamento não deu certo?" ou "o que eu poderia ter feito de diferente?", ficamos novamente naquele esquema de criança na fase do "por quê?": "por que o céu é azul?", "por que Papai do Céu levou o Totó de nós?", por que a mamãe se tranca no quarto com o vizinho sempre que você vai trabalhar papai?".

Triste, mas nossa inocência e ingenuidade não nos preparam para evitar os golpes duros da vida, e nesse caso, o amor é faixa preta e campeão de vale-tudo. Porém, como só quem levou um soco na boca é que sabe quanto custa um implante dentário, vale ficar sempre alerta. Já dizia o pensador (pouco conhecido pela maioria, mas vai um momento de erudição gratuito para vocês) Roland Barthes: "sempre duvide do que é óbvio". É...

Sim, eu sei. Tantas desilusões provindas de tantos relacionamentos me deixaram um pouco paranoico. Mas faria diferença se eu não fosse?
Com ou sem ingenuidade, a vida continua a não nos dar certeza de nada. Ninguém pode nos dar nem 10 nem 100% de certeza de que tudo vai ser sempre perfeito como foi na lua de mel. Não, não há garantias de amor eterno, assim como ninguém muda suas atitudes românticas depois de uma conversa profunda e sensível. E por aí a coisa vai. Ou melhor, não vai.

Uma vez em uma conversa de MSN da vida me chamaram de recalcado por eu sustentar tais afirmações. Desculpem-me por ser emissário de notícias tão trágicas, mas os relacionamentos na vida real não são iguais aos dos filmes, novelas e livros do tipo "Querido John" ou "A Última Música". Foi mal aí, mas a vida não é assim. E mesmo que fosse, duvido que alguém aguentaria viver sempre daquele jeito, com toda aquela baboseira e melação, várias e várias vezes repetidas. Querem "um amor para recordar" todo santo dia? Vocês
realmente tem certeza disso? Então, boa sorte. E comprem bastante Engov e sal de fruta. (E recalcado é a PQP!)

Descobrir quais são os caminhos e as desembocaduras do fluxo dos relacionamentos pode não ser a coisa mais divertida do mundo, mas isso faz parte se queremos saber das grandes respostas das perguntas que eternamente nos urgem. Afinal, nem toda diversão é sempre diversão, sempre temos variáveis no nosso caminho. Nem todo sexo é bom, nem toda pizza tem queijo catupiry e nem todo parque de diversões tem montanhas-russas. É crianças, a realidade é outro departamento...

Falando em montanhas-russas, conhecer o funcionamento dos relacionamentos é como ir dar uma volta em uma. Assim como nos relacionamentos, elas nos divertem, nos assustam, são cheias de voltas, emoções, altos e baixos, náuseas, adrenalina e dos famosos frios na barriga. Quando chegamos ao final do percurso, ou vomitamos ou queremos ir de novo. E para nossa surpresa, se você anda demais na mesma montanha-russa, mesmo que seja uma daquelas gigantescas da Disneyworld, a emoção não será sempre a mesma. Os frios na barriga e até mesmo o coração na boca não são mais os mesmos depois de você ter decorado todas as curvas e
loops. Infelizmente, nos relacionamentos também é assim.

Mas você pode ainda conservar a ingenuidade que resta na sua criança interior e sair por aí procurando por outras montanhas-russas. Afinal, o que não falta no mundo são parques de diversão, e todos sempre têm a "a maior montanha-russa do mundo". Vão lá, levem suas crianças para passear. E não adianta, ninguém consegue conter uma criança, mesmo que seja a tal interior. Bem, todos sabem como age uma criança chata numa loja de brinquedos; quando ela quer algo e coloca isso na cabeça, a fedelha enche o saco, grita, chora e esperneia até ganhar. (Mas nada como umas palmadas para acalmar a peste...) Por isso pensem bem antes de darem vazão a inocente criança de dentro de vocês no mundo dos relacionamentos. Pois, conforme alguém me disse esses tempos, "quem dorme com uma criança, acorda mijado..."

15 comentários:

  1. "Atingir a aceitação da realidade dos fatos". É isso. Ninguém aceita viver bem, ter dias chatos com quem se gosta ou momentos irritantes que logo - ou nem tanto- se dissolvem no passar do(s) dia/dias. A criança interior quer viver maravilhosamente um conto de fadas daqueles bem água com açucar, estilo Bela Adormecida ou da Bela (outra, a da Fera), que quer mais que a vida do interior e sai cantando alegremente até enfim, viver seu conto de fadas.
    É complicado. Temos incutido desde à infância, se alongando pela pré-adolescência (não sei mais se ela ainda existe, enfim) e adolescência os filmes americanos que, de tão românticos fazem com que ao menos nós, mulheres, suspiremos em saber que homens assim não existem. Mas cá entre nós, é muita ingenuidade mesmo achar que todo homem e toda mulher se encaixe no perfil doce dos filmes americanos.Nós, seres de carne e emoções que não estão no script de roteiros escritos a várias mãos que deixaram despertar sua criança interior, devemos é valorizar pequenos trechos de falas, gestos, olhares ou silêncios que passam sem serem percebidos. Tudo porque estamos por aí, cantando que queremos muito mais que a vida do interior. Deixemos a criança de castigo por um tempo para ver se ela não valoriza cada momento que virá. Até ela ter que ficar de castigo novamente, é claro.

    bj Gregory ^^

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  2. Ei! eu gostava de Castelo Rá-Tim-Bum! TV Cultura marcou minha infância! :P

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  3. Diz um amigo meu: "Queria ser o Al Pacino, mas a realidade tá mais pra Mano Brown." Buenas, acho que a temática passa mais pela adequação entre a fantasia e a experiência, mas me chamou a atenção essa ideia de criança interior.

    Na real, somos uns fodidos com uma síndrome intermitente de Michael Jackson. Acho que o cara acaba guardando essa criança interior numa Wonderland imaginal onde fica difícil distinguir a brincadeira mais infantil duma investida pervertida e perversa. O fato é que parece que nós alimentamos essas crianças com nossos lances dissolvidos em uma linguagem mística-publicitária e, assim, fodemos com a cabeça dela de uma maneira impossível de prever o que, retroativamente, fode com a nossa cabeça, já que parece que essa tal criança virou uma interface de acesso a esse mundo que NÓS precisamos.

    É tipo Matrix: na real, o cara tá lá fodidaço, andando que nem indigente nos escombros de uma vida, aí senta numa cadeirinha, enfia um cabo na cabeça e vai curtir umas férias no Caribe. Depois volta pro pós-apocalipse REVIGORADO. Aí entram as equivalências e a continuidade: a experiência fantástica interfere na concepção de realidade da pessoa e o que se experiencia no mundo não fantástico já não tem nada de ilusório, mas é, de fato, real. No final, nem se pensa mais: nego já pega qualquer cabo e sai metendo na nuca e foda-se. Quer ir pra fantasia de qualquer jeito.

    Abraços,
    Guilherme

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  4. MORRAM PASSARINHOS QUE SOM É ESSE!!!!!!!!!!

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  5. Me responda com sinceridade aquele que não vive de fantasia. Atirem a primeira pedra aquele que não fica com o "coração na boca" e com "frios na barriga" quando sente a emoção de uma nova relação. Foi um perfeito exemplo esse da montanha-russa. E também levante a mão aquele que não sabe que a ingenuidade é na verdade 50% de toda a graça de um relacionamento, de ganhar com as expectativas e perder com as desilusões. Eu li esses dias que nós nunca crescemos, apenas vamos entretendo a nossa criança de outro jeito. No caso dos romances, esse vai ser o nosso "Papai Noel". Li teu texto anterior, e acho que tudo faz parte do tal jogo, só que esse, o da inocência, é nós jogando contra nós mesmos.

    Ótimo texto, parabéns,

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  6. As metáforas do Sr. Apêndice são tão "verdadeiras" (hehehe). Ai ai...
    Já pararam para pensar que nosso senso comum considera os crimes contra as crianças mais brutais do que contra os adultos? Creio que só doentes mentais conseguiriam fazer mal a uma criança sem se sensibilizar com sua fragilidade e ingenuidade. Até um gatinho é capaz de virar um leão quando outro animal faz maltrata aos seus filhotes. No mesmo sentido, quando deixamos nossa criança interior transparecer nos relacionamentos amorosos, o parceiro não vai querer ver você sofrer, mais provavelmente será contagiado pelo espírito inocente e também se transformará num crianção. Se isso não acontecer e ele lhe fizer alguma maldade, com certeza quem sofrerá mais será ele, carregando o peso da culpa.
    Minha opinião pode facilmente ser rebatida com a afirmação "relacionamento amoroso não é coisa de criança". Mas daí lhes passo uma informação, cinentificamente provada, passada pela Revista Super: os casais que se tratam gestos e vozes infantis são mais felizes.
    Por isso, vamos deixar nossa criança brincar. Sejamos menos paranóicos e medrosos. Vamos experimentar todas as maiores montanhas russas do mundo e se divertir, invés de ficarmos sérios e incrédulos na felicidade.
    Não tô dizendo que prefiro ouvir "amor, vou ficar em casa" enquanto meu namorado sai para a balada com os amigos; isso seria o fim da brincadeira. Quero que ele também deixe sua criança transparecer.
    (Eu e minhas análises melodramáticas)
    Talvez eu seja ingênua mesmo. (hehehe)
    Beijo Greg!

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  7. Maravilhoso como sempre... :D

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  8. Não li toda a crônica... na verdade não consegui... Não gosto da ideia de me sentir uma eterna tonta por acreditar em coisas que não deveria. Talvez minha chance tenha passado qdo tinha meus 14 anos...

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  9. E quem é o Sr. Apêndice para falar em ingenuidade e, principalmente, em inocência???? Hein???

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  10. Olha, texto impressionante. Sempre pensei no amor através dessa mesma ótica, mas nunca pensei em expor assim da maneira que o fez tão bem. Como um blog tão bom como o seu estava fazendo longe das minhas vistas? Parabéns, já sou sua leitora assídua (mais uma).

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  11. Um texto excelente, bem escrito e que remete muitas pessoas a refletir várias coisas sobre a vida. Parabéns !

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  12. - Pricilla Farina Soares: Adorei o deixar a criança de castigo, hahahaha... Valeu pelo comentário, sempre genial, Pri! Beijo

    - Anônimo: A TV Cultura marcou minha infância também. Até hoje tenho pesadelos...

    - gui: O melhor dos teus comentários são que eles por si só são um mini-texto. E com ótimas sacadas: "Queria ser o Al Pacino, mas a realidade tá mais pra Mano Brown"! hahahha... Genial! Fantasia e realidade, quiçá um ainda bem que elas nunca se encontrem! Valeu Guilherme pela tua leitura sempre atenta e teus ótimos comentários... Abraço

    - Anônimo: Isso! Morram! auheuiaheuaeh

    - Lisa Franco: Certamente essa história de fantasiar faz parte do "jogo", como tu bem colocaste. E que realmente atire a primeira pedra. Como disse o Guilherme em um comentário acima "Na real, somos uns fodidos com uma síndrome intermitente de Michael Jackson". É. Um abraço Lisa, e obrigado por comentar

    - Greicy: "Já pararam para pensar que nosso senso comum considera os crimes contra as crianças mais brutais do que contra os adultos?" Muito bem pensando, Greicy! Certamente, é porque gostamos (e precisamos!) de dar vazão para esta pirralha interna. E como tal, sabemos que a bogagem a ser feita sempre se encaminha. Talvez por isso a atenção redobrada. Claro, isso nunca se aplica na nossa criança no controle dos nossos sentimentos... ;P
    Hehehehe... Adoro tuas filosofadas aqui no blog! Um beijo e muito obrigado por comentar

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  13. - Dani: Obrigado Dani!

    - Talita Schneider (via Facebook): Ah, se fosse só aos 14 hehehe... E ademais, essa criança, creio eu, é eterna! :P Beijos Talita, e obrigado por comentar

    - Aline Lorandi (via Facebook): Psiu! Não entrega o Sr. Apêndice, auehauiehiuaehiahe...
    Beijos

    - Juliana Monteiro: Muito obrigado Juliana, seja sempre bem-vinda ao blog!

    - Otávio JC Duarte: Muito obrigado, Otávio! Valeu por comentar

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  14. Uma dose de realidade é que nem um balde água fria, assusta mas acorda e abre os olhos, apesar de que sempre a água fria vai sumir xD

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  15. Vigi que saudade de ler seus posts kkkk
    São sempre tão irreverentes quando tratam da verdade nua e crua! Eu adoooooro!

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Fala que o Sr. Apêndice te escuta...